SANTO ANTONIO:
“e trono que
tens lá no céu” um olhar sobre nós [...]
É um texto simplório que fala sobre
momentos vividos no mês de junho, pode-se considerar subjetivo, mas que não
deixa de ser uma “realidade” do modo particular de cada personagem citado:
crianças, jovens, pais, filhos, senhoras etc... (FRANCISCO FARIAS, 2012)
Assim
que o sol se pô, irei acender a fogueira junina, voltarei ao tempo de meus pais
e pedirei ao patrono desta festa: Santo Antônio, que rogue pelo sucesso e
preservação desta cultura, que espalhe em cada recanto do Nordeste o sabor que
traz o gostinho de tradição: a pamonha, milho assado, canjica.... Não posso
esquecer de minha comadre, a companheira que me acompanha nestes caminhos do
interior, que está ao meu lado nas roças teimosas deste sertão árido. Torrão
que nos suga, não só o suor do sucesso
de nossas colheitas, mas também a base para construção familiar que nos
representará e carregará a nossa tradição em nova geração.
É tempo
de ver o parque ser montado, a ansiedade do patrono de nossa terra desfilar na
cidade e oferecer em cada casa, daqueles que acreditam na misericórdia de uma
terra feliz, rogada pela fé, pela esperança em prol de sua bonança. O sino da
matriz já anuncia o tempo da boa vinda, a entrada do santo casamenteiro em
nossa casa, a hora de minha mãe vestir aquela roupa marrom que mandara fazer
para pagar aquela promessa que há tempo havia feito pelo seu filho, ou sua
filha concretizar aquele sonho modesto de todo menino e menina do interior.
A
bandeira já se encontra no alto, o andor se avista bem adiante acompanhado por
homens e mulheres: chorosos, confiantes, esperançosos, saudosos, de pés
descalços, de sentimento nobre, de roupa marrom, com uma joia branca amarrada
na cintura recuperando os farrapos de lembrança da visita de Frei Damião à
terra vieirense. É tempo de reunir os amigos, renovar as conversas, trazer de
lá as novidades, relembrar a infância na terra natal, visitar os pais, entoar a
cantiga da saudade, acenar com um gesto de alegria a todos que estão nesta
procissão.
É
hora de acordar com o “ Oh Antônio que foste na terra....”, de escutar de longe
a banda de música tocar, de sair em alvorada, reunir-se em frente ao coreto e
saudar à todos que compartilham a mesma matina “nesta vida, de luta e de
dor...”. Treze dias se passam rápidos, é
hora de aproveitar cada momento, de viajar montado nos “cavalinhos” da
infância, de recuperar os mesmo caminhos que não mudam, mudam-se a rotina da
vida, mas o desejo de estar em festa é aquele mesmo desejo que quando menino
perturbava agarrado na saia da mãe, para comprar algodão-doce, o algodão da
infância.
A festa de Santo Antônio, além de trazer o
aconchego da família, é o momento de inaugurar um sapato ou uma sandália nova,
um conjuntinho de roupa, daqueles do short azul, com a camisa branca de mangas
azuis, pois haveria de estar combinando, assim estaria “lorde” nas noites de
novena, exibindo “arrudiando” a matriz, ansioso para chegar ao final da reza
para olhar os festejos juninos.
Esta
noite é de balão, vamos vê-lo subindo, quem sabe o telegrama passando em toda
“rua de baixo”, o show pirotécnico, o céu todo movimentado recebendo os olhares
de admiração, de fé, de orgulho, sim, pois depois de conversar com o santo
dentro de sua casa, era a hora de agradecê-lo com festas, com coisas bonitas, com
cores. É inevitável imaginar uma senhora gentil, com a mão no peito, segurando
aquele terço, que já pedia a todas as Marias mais um ano de vida, para que
pudesse no próximo assisti àquele
espetáculo, consolava-se com uma lágrima, como se já estivesse com a resposta:
“- Dá-nos fé, dá-nos paz e
coragem, nesta vida de luta e dor...”
Por
Francisco Farias
Ideiavermelha.blogspot.com.br
Parabéns. Você conseguiu colocar nestas linhas
ResponderExcluirtudo aquilo que nóis, vieirenses, fomos Quando criança.
confesso que fiquei emocionado ao ler
esse texto, pois nele vejo toda a minha infância.
Acho importante o que blog vem resgatando
e redescobrindo; a nossa história. Na Nossa cidade temos no blog folha em dia que esta trazendo o baú de lembranças, e eu te digo não pare por ai, continui, pois essas matérias nos fazem muito bem.
Mais uma vez parabéns,e que nos traga mais emoções.
valeu um grande abraço....