Azedou de vez a relação do secretário-chefe
do Gabinete Civil do Estado, José Anselmo Carvalho, com seu próprio
segmento profissional: o professorado da Universidade do Estado do RN
(UERN). Ele passou a ser persona non grata à mesa de negociações e na própria instituição da qual provém e ensina (está licenciado, no momento).
A reunião de ontem à noite, em que Governo do Estado e segmentos da Uern
buscaram um entendimento que evitasse greve na instituição, que
teoricamente exigiria a participação de Anselmo, não o incluiu à mesa de
negociação. Sua exclusão ajudou a arejar preventivamente o encontro,
que prometia ser tenso – como foi – e exaustivo.
À semana passada (sexta-feira, 27), Anselmo teve comportamento censurado pela Associação dos Docentes da UERN (ADUERN).
Tão logo foi iniciada a reunião entre
membros da entidade e representantes do Estado, José Anselmo Carvalho,
que negociou com a categoria docente no ano passado, pediu desculpas e
alegou que não poderia participar da reunião, pois teria outro
compromisso. O fato gerou indignação nos presentes.
“Foi uma falta de respeito do secretário
que negociou conosco durante toda a greve do ano passado e que anda
dizendo que não houve acordo, quando nós temos documentos assinados por
ele, sair de uma reunião de negociação”, explica o professor Carlos
Filgueira, diretor da Aduern.
“Peido”
Sua relação com a Uern e sua categoria,
certamente pavimenta ambiente de hostilidade para quando retornar à
instituição, depois desse ciclo de poder. Na Uern, a propósito, a
ojeriza crescente o classifica como uma nova versão do “Cabo Anselmo”, epíteto que ganhou como nódoa.
O embaraço de José Anselmo Carvalho não foi menor num passado recente.
Antes, ele já passara por cargos de
primeiro escalão na Prefeitura de Mossoró, nos governos Rosalba e Fátima
Rosado (DEM), a “Fafá”. Sobressaiu-se negativamente por ter sido o
‘inventor’ da tática de processo em massa contra jornalistas e órgãos de
imprensa que criticavam o governo. Não parou aí suas peripécias no
porão do poder.
É de sua mente a formatação de um dos
maiores monstrengos jurídicos que se tem notícia, o projeto de lei
complementar número 038, de 7 de dezembro de 2009. Instituía o Regimento
Disciplinar Interno (RDI) para os agentes de trânsito de Mossoró, que
são civís, mas passariam a ser regidos por um ordenamento de inspiração
fascita-militar.
Entre as determinações caricatas contidas na lei complementar, o Artigo 13 no ítem XIX proibia expressamente o agente de trânsito de “cantar, assobiar ou fazer ruído em lugar ou ocasião em que seja exigido silêncio” (sic). Era omissa quanto à flatulência. O peido, para ser mais claro, num português inteligível, sem barulho ou odor.
A ordem no Palácio da Resistência, sede
do governo, era “apertar” os agentes, que mesmo novos na administração
pública, já faziam greves e instigavam outras categorias à rebelião por
direitos. Na Justiça, a peça jurídica de José Anselmo, o Cabo Anselmo,
foi derrubada.
No governo estadual, José Anselmo
Carvalho desceu ao servilismo em estado cristalino, a ponto de baixar
portaria destituindo-se de algumas prerrogativas do cargo e outros
papeis. Passou a ser estafeta, um leva-e-traz, fazendo percurso diário
entre a Governadoria e a Residência Oficial do Governo do Estado, no
bairro de Morro Branco. É lá onde o ex-deputado estadual Carlos Augusto
Rosado (DEM) despacha, emite ordens, afere comportamento administrativo e
aponta caminhos políticos do governo.
Enfim, Anselmo virou adjunto do adjunto
Galbi Saldanha, homem de maior confiança de Carlos. Cumpre ordens
superiores sem pestanejar. É uma anomalia no organograma. Um secretário de direito, mas com o lugar de fato cedido a Galbi. Espectro de si. Ou nem isso.
retirado do blog Carlos Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário