quinta-feira, 3 de maio de 2012

“Cabo Anselmo” vira persona non grata na Uern

          Azedou de vez a relação do secretário-chefe do Gabinete Civil do Estado, José Anselmo Carvalho, com seu próprio segmento profissional: o professorado da Universidade do Estado do RN (UERN). Ele passou a ser persona non grata à mesa de negociações e na própria instituição da qual provém e ensina (está licenciado, no momento).
Anselmo vê documento com Rosalba para Carlos conferir.

          A reunião de ontem à noite, em que Governo do Estado e segmentos da Uern buscaram um entendimento que evitasse greve na instituição, que teoricamente exigiria a participação de Anselmo, não o incluiu à mesa de negociação. Sua exclusão ajudou a arejar preventivamente o encontro, que prometia ser tenso – como foi – e exaustivo.
          À semana passada (sexta-feira, 27), Anselmo teve comportamento censurado pela Associação dos Docentes da UERN (ADUERN).
          Tão logo foi iniciada a reunião entre membros da entidade e representantes do Estado, José Anselmo Carvalho, que negociou com a categoria docente no ano passado, pediu desculpas e alegou que não poderia participar da reunião, pois teria outro compromisso. O fato gerou indignação nos presentes.
          “Foi uma falta de respeito do secretário que negociou conosco durante toda a greve do ano passado e que anda dizendo que não houve acordo, quando nós temos documentos assinados por ele, sair de uma reunião de negociação”, explica o professor Carlos Filgueira, diretor da Aduern.


“Peido”
           Sua relação com a Uern e sua categoria, certamente pavimenta ambiente de hostilidade para quando retornar à instituição, depois desse ciclo de poder. Na Uern, a propósito, a ojeriza crescente o classifica como uma nova versão do “Cabo Anselmo”, epíteto que ganhou como nódoa.
           O embaraço de José Anselmo Carvalho não foi menor num passado recente.
           Antes, ele já passara por cargos de primeiro escalão na Prefeitura de Mossoró, nos governos Rosalba e Fátima Rosado (DEM), a “Fafá”. Sobressaiu-se negativamente por ter sido o ‘inventor’ da tática de processo em massa contra jornalistas e órgãos de imprensa que criticavam o governo. Não parou aí suas peripécias no porão do poder.
          É de sua mente a formatação de um dos maiores monstrengos jurídicos que se tem notícia, o projeto de lei complementar número 038, de 7 de dezembro de 2009. Instituía o Regimento Disciplinar Interno (RDI) para os agentes de trânsito de Mossoró, que são civís, mas passariam a ser regidos por um ordenamento de inspiração fascita-militar.
Entre as determinações caricatas contidas na lei complementar, o Artigo 13 no ítem XIX proibia expressamente o agente de trânsito de “cantar, assobiar ou fazer ruído em lugar ou ocasião em que seja exigido silêncio” (sic). Era omissa quanto à flatulência. O peido, para ser mais claro, num português inteligível, sem barulho ou odor.
          A ordem no Palácio da Resistência, sede do governo, era “apertar” os agentes, que mesmo novos na administração pública, já faziam greves e instigavam outras categorias à rebelião por direitos. Na Justiça, a peça jurídica de José Anselmo, o Cabo Anselmo, foi derrubada.
          No governo estadual, José Anselmo Carvalho desceu ao servilismo em estado cristalino, a ponto de baixar portaria destituindo-se de algumas prerrogativas do cargo e outros papeis. Passou a ser estafeta, um leva-e-traz, fazendo percurso diário entre a Governadoria e a Residência Oficial do Governo do Estado, no bairro de Morro Branco. É lá onde o ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM) despacha, emite ordens, afere comportamento administrativo e aponta caminhos políticos do governo.
             Enfim, Anselmo virou adjunto do adjunto Galbi Saldanha, homem de maior confiança de Carlos. Cumpre ordens superiores sem pestanejar. É uma anomalia no organograma. Um secretário de direito, mas com o lugar de fato cedido a Galbi. Espectro de si. Ou nem isso.

retirado do blog Carlos Santos

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