segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A democracia e as nossas experiências profissionais...



A leitora Meire Cesário nos enviou texto escrito há quatro anos,  porém continua muito atual e serve para fazermos uma reflexão sobre a semana em que comemoramos nossa “independência”, acompanhem.

Carta do Leitor



Sala de aula, ambiente propício para uma verdadeira assembléia. Assembléia, ambiente propício para discussões e soluções democráticas. Nós professores, os agentes de ensino e aprendizagem, não podemos esquecer-nos de abrir a janela para “o sol da liberdade em raios fúlgidos”, e por onde começar?
Somos conscientes que vivemos a luz de um regime democrático, mas contraditoriamente nosso (in)consciente diz: “O silencio é o começo do papo”(Arnaldo Antunes ) ou pensamos em “Eu vou formar/ O Bloco do eu sozinho” (Inércia, Valnei Ainê). Isso porque a estrutura burocrática de nossas escolas não está preparada para a revolução (do conhecimento, de ideias equilibrada pelo bom senso) e agimos “feito filhos da mesma agonia” (Paralamas do Sucesso).
 Por sua vez, mesmo que “De amor e de esperança a desce” [...] Não pensem que a solução está apenas escola, pode sim começar pela escola, mas é preciso que os sistemas governamentais pensem a educação como prioridade e, nós profissionais da área fomentemos a idéia de sala de aula como assembléia, que resgatemos o estímulo a ações coletivas, político-sociais e que tomemos posicionamentos a fim de contribuir para a construção de valores que auxiliem na transformação das relações sociais, de forma a atingirmos a justiça social e o aprendizado da participação cidadã nos destinos da sociedade.
No entanto, “Enquanto eu andar distraído, o acaso vai me proteger” (Titãs), NÃO! Não agimos pelo acaso, ou pelo menos não queremos, porque nosso maior instrumento de trabalho é a palavra que, agregada ao conhecimento urge os sonhos e orienta as transformações, entretanto, “não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta” (Gabriel Pensador). Muitos são os desafios: convivência democrática e coletiva, ética, direitos humanos, inclusão social, justiça, equidade, valorização profissional, etc. Ter consciência disso é nosso dever, agir em função disso deveria fazer parte de nossa prática profissional.
 Imbuídos num panorama de profundas modificações do pensamento, em que a cibernética se impõe na nova ordem mundial e “isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos, entra ano, sai ano, cada vez fica mais difícil o pão, o arroz, o feijão, o aluguel...”(Zé Geraldo), pois é, o “sistema” (qual ?) nos deixou ás margens (longe do riacho Ipiranga), “E agora José?”, insistimos em questionar: por onde começar?
Até quando a sociedade vai fingir que somos todos responsáveis por dias melhores? Até quando a escola vai calçar as botas da burocracia, perfurar a camisa da aprendizagem, sem pensar em costurar a bandeira da cidadania? Participar é envolver os sujeitos sociais na vida mediante a palavra e a ação cooperativa. Participar, é dialogar e levar a cabo projetos coletivos, mas “será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer?” (Legião Urbana).
 Enquanto isso, preferimos “ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”  (Raul Seixas), é preciso nos apropriarmos de novos conceitos. Por enquanto, vamos seguir “caminhando e cantando a canção”:Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve!”.
Salva-nos do “gigante” que “és belo, és forte”,  mas que não “espelha essa grandeza”. De fato mesmo só queremos ser “Iluminados ao sol do novo mundo”.


Meire Cesário (Profª Ms. da rede pública de Marcelino Vieira)
Texto escrito em 07 de setembro de 2008 e publicado na “Tribuna do servidor”, um fasciculo divulgado pelo sindicato dos Sevidores públicos municipais da época.

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