A leitora Meire Cesário nos enviou texto escrito há quatro anos, porém continua muito atual e serve para fazermos uma reflexão sobre a semana em que comemoramos nossa “independência”, acompanhem.
Carta do Leitor
Sala de aula, ambiente propício para uma verdadeira
assembléia. Assembléia, ambiente propício para discussões e soluções
democráticas. Nós professores, os agentes de ensino e aprendizagem, não podemos
esquecer-nos de abrir a janela para “o sol da liberdade em raios fúlgidos”, e
por onde começar?
Somos conscientes que vivemos a luz de um regime
democrático, mas contraditoriamente nosso (in)consciente diz: “O silencio é o
começo do papo”(Arnaldo Antunes ) ou
pensamos em “Eu vou formar/ O Bloco do eu sozinho” (Inércia, Valnei Ainê). Isso porque a estrutura burocrática de nossas escolas não está
preparada para a revolução (do conhecimento, de ideias equilibrada pelo bom senso)
e agimos “feito filhos da mesma agonia” (Paralamas
do Sucesso).
Por sua vez, mesmo
que “De amor e de esperança a desce” [...] Não pensem
que a solução está apenas escola, pode sim começar pela escola, mas é preciso
que os sistemas governamentais pensem a educação como prioridade e, nós
profissionais da área fomentemos a idéia de sala de aula como assembléia, que
resgatemos o estímulo a ações coletivas, político-sociais e que tomemos
posicionamentos a fim de contribuir para a construção de valores que auxiliem
na transformação das relações sociais, de forma a atingirmos a justiça social e
o aprendizado da participação cidadã nos destinos da sociedade.
No entanto, “Enquanto eu andar
distraído, o acaso vai me proteger” (Titãs),
NÃO! Não agimos pelo acaso, ou pelo menos não queremos, porque nosso maior
instrumento de trabalho é a palavra
que, agregada ao conhecimento urge os sonhos e orienta as transformações,
entretanto, “não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta” (Gabriel Pensador). Muitos são os
desafios: convivência democrática e coletiva, ética, direitos humanos, inclusão
social, justiça, equidade, valorização profissional, etc. Ter consciência disso
é nosso dever, agir em função disso deveria fazer parte de nossa prática
profissional.
Imbuídos num panorama de profundas modificações do
pensamento, em que a cibernética se impõe na nova ordem mundial e “isso tudo
acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos, entra ano, sai ano, cada
vez fica mais difícil o pão, o arroz, o feijão, o aluguel...”(Zé Geraldo), pois é, o “sistema” (qual
?) nos deixou ás margens (longe do riacho Ipiranga), “E agora José?”,
insistimos em questionar: por onde começar?
Até quando a sociedade vai fingir
que somos todos responsáveis por dias melhores? Até quando a escola vai calçar
as botas da burocracia, perfurar a camisa da aprendizagem, sem pensar em
costurar a bandeira da cidadania? Participar é envolver os sujeitos sociais na
vida mediante a palavra e a ação cooperativa. Participar, é
dialogar e levar a cabo projetos coletivos, mas “será só imaginação? Será que
nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir
vencer?” (Legião Urbana).
Enquanto isso, preferimos “ser essa
metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” (Raul
Seixas), é preciso nos apropriarmos de novos conceitos. Por enquanto, vamos
seguir “caminhando e cantando a canção”: “Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve!
Salve!”.
Salva-nos
do “gigante” que “és belo, és forte”,
mas que não “espelha essa grandeza”. De fato mesmo só queremos ser
“Iluminados ao sol do novo mundo”.
Meire
Cesário (Profª Ms. da rede pública de Marcelino Vieira)
Texto
escrito em 07 de setembro de 2008 e publicado na “Tribuna do servidor”, um fasciculo
divulgado pelo sindicato dos Sevidores públicos municipais da época.
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