Manobra da oposição retarda votação da MP baixada por Dilma para baratear conta de luz.
Estava tudo combinado entre o Planalto e seus aliados. Depois de ser aprovada na Câmara, a medida provisória 579, editada por Dilma Rousseff para baratear as contas de luz, seria referendada pelo Senado nesta quinta (13). E seguiria para a sanção presidencial antes do final de semana. De repente, o plano fez água. Na noite passada, o governo foi emboscado pela oposição no plenário da Câmara. E o líder de Dilma, Arlindo Chinaglia (PT-SP), descobriu-se sem tropa.
Convocados para votar a MP da luz, os deputados aprovaram o texto-base sem contestações. Até o PSDB, cujos governadores são acusados por Dilma de sabotar a iniciativa em São Paulo, Minas e Paraná, pôs-se de acordo. A coisa passou em votação simbólica, na qual os líderes votam por suas bancadas. Na sequência, passou-se à análise dos destaques, como são chamadas as emendas que sugerem acréscimos ou supressões de artigos.
Havia dez destaques. No comando da sessão, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), vice-presidente da Câmara, optou por aferir o resultado das votações visualmente. Os deputados que forem a favor permaneçam como se acham, ela pedia. Os que eram contra erguiam os braços. E Rose proclamava a decisão.
O plenário foi esvaziando na proporção direta do avanço do relógio. Faltavam 45 minutos para as onze da noite quando Rose pôs em votação o nono destaque, o penúltimo. O autor, Arnaldo Jardim (SP), do oposicionista PPS, propôs a eliminação da cobrança do PIS e da Cofins que incidem sobre a conta de luz, onerando-a em cerca de 5%.
Chinaglia, o líder de Dilma, rogou aos aliados que votassem contra. Líder do PSDB, Bruno Araújo (PE) provocou: agora nós vamos ver quem quer reduzir o preço da energia de verdade. Feita a contagem visual dos votos, Rose deu por rejeitada a emenda. Ao notar que a infantaria governista desmobilizara-se, a oposição exigiu que fosse feita a verificação do quórum.
Pelo regimento, a sessão só poderia continuar se houvesse em plenário pelo menos 257 dos 513 deputados. Os presentes foram convidados a pressionar suas senhas no teclado disponível nas bancadas. Aberto o painel eletrônico, o quórum não foi alcançado. Abandonado por sua tropa, Chinaglia viu-se na contingência de reconhecer o Waterloo.
Propôs à oposição que a votação fosse retomada na terça-feira (18) da semana que vem. Sem obstruções. Os antagonistas do governo concordaram, desde que a contagem dos votos seja nominal. O PSDB ganhou um discurso: em tempos de ‘pibinho’, é preciso retirar os tributos da conta de luz, disse o líder Bruno Araújo. Com os nomes no painel, vamos saber quem fala sério, ele acrescentou.
Se conseguir vencer a etapa da Câmara na terça, como sugeriu Chinaglia, o governo tentará aprovar a MP da luz no Senado já na quarta (19), a dois dias do início do recesso parlamentar. Ou seja, ao menor imprevisto, vai para o beleléu a intenção de Dilma de sancionar a nova lei ainda em 2012. A medida provisória expira em 19 de fevereiro.
Fonte: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br
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