Duas imagens que valem por mil palavras.
Acima, a presidente Dilma Rousseff aparece sendo interrogada, aos 22
anos, na década de 1970, na Auditoria Militar. Abaixo, flagrante
do velório de Oscar Niemeyer feito pelo fotógrafo Gustavo Miranda, da
Agência Globo. É sobre ela que Paulo Nogueira discorre. “De uma coisa
não se pode acusar Dilma: de hipocrisia”, diz o jornalista.
Faz sentido. Segue o texto:
Por Paulo Nogueira
Sobre a foto de Dilma e Joaquim Barbosa no velório de Niemeyer
Uma coisa é certa: a foto não vai para o álbum de nenhum dos dois
Sorriso unilateral
De uma coisa não se pode acusar Dilma: de hipocrisia. É flagrante, é
torrencial, é irreprimível o mal estar que a figura de Joaquim Barbosa
provoca nela, como mostra a foto que o fotógrafo Gustavo Miranda, da
Agência Globo, captou no velório de Oscar Niemeyer.
É o olhar de alguém que está oscilando entre o desprezo e o ódio, e
que provavelmente se tenha visto na contingência de calar o que sente.
Que detalhes conhecerá Dilma das andanças de Barbosa por apoio
político para ser nomeado para o STF? Ou será que ela não perdoa o que
julga ser deslealdade e ingratidão de JB perante o homem a quem ambos
devem o cargo, Lula?
Interessante examinar o rosto de JB no encontro. Ali está um sorriso
de quem espera aprovação, compreensão, atenção – ou pelo menos um
sorriso de volta, ainda que protocolar e falso.
Mas não.
O que ele recebe de volta é um olhar glacial, uma mensagem clara da
baixa opinião de Dilma sobre ele. Parece estar acima das forças de Dilma
fingir que não sente o que sente, ainda que por frações de segundo. A
fotografia não vai para o álbum de lembranças de nenhum dos dois.
A franqueza por vezes desconcertante é uma característica de quem,
como ela, não fez carreira na política. Fosse uma política, esta foto
não existiria, não pelo menos deste jeito singular, e seria uma pena
porque esta é uma das imagens que decerto marcarão a República sob
Dilma, de um lado, e Barbosa, de outro.
do blog www.ailtonmedeiros.com.br
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