No dia da
emancipação política de nossa cidade, alguns ainda questionam por
que não teremos festa em praça pública. No momento não seira
coerente, devido a seca que assola a nossa região. Mas de fato fomos
acostumados, por nossos governantes, a esse tipo de comemoração da
data que poderia ser considerada a mais importante de nossa história
política. Muitos não se interessam em saber o verdadeiro sentido de
emancipar-se, basta apenas uma banda – de gosto duvidoso –
“tocando” na praça, que a comemoração estará garantida.
Quando
buscamos o verdadeiro significado de emancipação, o pensamento é o
de libertação de um povo, de uma sociedade. O Aurélio, por
exemplo, a define como alforria, independência. Alguns autores,
afirmam que ela é a mãe da liberdade, e nesse sentido não admite
servidão, nem mesmo nas suas mais variadas faces: desigualdade,
alienação política, pobreza, perseguição política.
Do ponto
de vista da História tradicional foi no ano 1953, que Marcelino
Vieira livrou-se do jugo administrativo da província de Pau dos
Ferros, através do Projeto de Lei 909/1953, assinado por Silvio
Pedrosa, governador da época.
A nossa
história política também mostra, que na nossa cidade a fé e a
religião sempre estiveram presentes no contexto da “cidade
emancipada”. Na história recente, como não lembrar do padre
Raimundo Osvaldo, ou mais recentemente do padre João Batista, que
mantinham envolvimento direto com a política. Para eles, participar
da política era também uma profissão de fé, um ato de crença
objetiva numa sociedade melhor, participando ativamente dela. O
primeiro, mais diretamente que o segundo.
A pouco
tempo, padre Claudenis foi censurado e duramente reprimido pelo
bispo e por dezenas de católicos por ter cobrado uma melhor
administração para Marcelino Vieira, além de ter defendido
abertamente uma posição política diferente dos atuais
administradores. Estaria ele certo?
uma igreja autêntica subsiste apenas com a oração? Dá pra firmar
a fé sem obras, ou estaria ela morta sem tal prerrogativa? Se não
tivermos ações sociais dos que pregam a palavra de Deus, como se
manteria a fé? Será que
não está na hora de repensarmos a relação de dependência da
igreja com o Estado?
Diante
disso, faz-se necessário outro questionamento: como podemos falar em
emancipação sem fazer uma incursão crítica aos nossos gestores
públicos e a comunidade em geral? Não se emancipa uma cidade, seus
prédios, suas casas, suas ruas, mas sim, o seu povo, seus
habitantes. Efetivamente, só poderemos comemorar nossa emancipação
quando todos puderem defender abertamente seus posicionamentos, sem
serem perseguidos ou reprimidos.
Além
disso, precisamos entender que as superficialidades de festas em
praça pública não traduzem e nem expressam o verdadeiro sentimento
de emancipar-se. Este, estaria muito mais presente em ações
práticas, como maiores investimentos em educação e saúde, e uma
menor apropriação do erário público.
A
verdadeira emancipação de nossa cidade brota dos sonhos que embalam
boa parte de nosso povo. Uma emancipação verdadeira, consolidada
nas mais diversas camadas sociais, pensada no coletivo, no plural,
onde os membros de nossa comunidade compartilhem interesses ou
preocupações mútuas sobre um objetivo comum.
Postado por IdeiaVERMELHA
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