sábado, 24 de novembro de 2012

Uma breve reflexão sobre nossa emancipação

          No dia da emancipação política de nossa cidade, alguns ainda questionam por que não teremos festa em praça pública. No momento não seira coerente, devido a seca que assola a nossa região. Mas de fato fomos acostumados, por nossos governantes, a esse tipo de comemoração da data que poderia ser considerada a mais importante de nossa história política. Muitos não se interessam em saber o verdadeiro sentido de emancipar-se, basta apenas uma banda – de gosto duvidoso – “tocando” na praça, que a comemoração estará garantida. 

          Quando buscamos o verdadeiro significado de emancipação, o pensamento é o de libertação de um povo, de uma sociedade. O Aurélio, por exemplo, a define como alforria, independência. Alguns autores, afirmam que ela é a mãe da liberdade, e nesse sentido não admite servidão, nem mesmo nas suas mais variadas faces: desigualdade, alienação política, pobreza, perseguição política.
 
          
          Do ponto de vista da História tradicional foi no ano 1953, que Marcelino Vieira livrou-se do jugo administrativo da província de Pau dos Ferros, através do Projeto de Lei 909/1953, assinado por Silvio Pedrosa, governador da época.

         
          A nossa história política também mostra, que na nossa cidade a fé e a religião sempre estiveram presentes no contexto da “cidade emancipada”. Na história recente, como não lembrar do padre Raimundo Osvaldo, ou mais recentemente do padre João Batista, que mantinham envolvimento direto com a política. Para eles, participar da política era também uma profissão de fé, um ato de crença objetiva numa sociedade melhor, participando ativamente dela. O primeiro, mais diretamente que o segundo.

       A pouco tempo, padre Claudenis foi censurado e duramente reprimido pelo bispo e por dezenas de católicos por ter cobrado uma melhor administração para Marcelino Vieira, além de ter defendido abertamente uma posição política diferente dos atuais administradores. Estaria ele certo? uma igreja autêntica subsiste apenas com a oração? Dá pra firmar a fé sem obras, ou estaria ela morta sem tal prerrogativa? Se não tivermos ações sociais dos que pregam a palavra de Deus, como se manteria a fé? Será que não está na hora de repensarmos a relação de dependência da igreja com o Estado?
          Diante disso, faz-se necessário outro questionamento: como podemos falar em emancipação sem fazer uma incursão crítica aos nossos gestores públicos e a comunidade em geral? Não se emancipa uma cidade, seus prédios, suas casas, suas ruas, mas sim, o seu povo, seus habitantes. Efetivamente, só poderemos comemorar nossa emancipação quando todos puderem defender abertamente seus posicionamentos, sem serem perseguidos ou reprimidos.
           Além disso, precisamos entender que as superficialidades de festas em praça pública não traduzem e nem expressam o verdadeiro sentimento de emancipar-se. Este, estaria muito mais presente em ações práticas, como maiores investimentos em educação e saúde, e uma menor apropriação do erário público.
          A verdadeira emancipação de nossa cidade brota dos sonhos que embalam boa parte de nosso povo. Uma emancipação verdadeira, consolidada nas mais diversas camadas sociais, pensada no coletivo, no plural, onde os membros de nossa comunidade compartilhem interesses ou preocupações mútuas sobre um objetivo comum.

Postado por IdeiaVERMELHA
 



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