O texto mostra o “eu” perdido em seus pensamentos. A forma
indireta como foi escrita, pode incluir você em alguns fragmentos, mas não se
inclua neste, este certamente deve ser aquele que você jura que não é, mas que
pode ser.
Hoje, vejo-me perdido nas ações, onde estou? Como ando? Por
onde ando? Sei que meu passado foi uma abundância de riqueza colocada nos meus
bolsos patrocinados por você, sim por você, cidadão! O meu presente está
assegurado, tenho quatro anos que ainda posso mamar nas mesmas tetas, elas
estão murchando, chegando ao fim, mas tenho meus “meios”. Nunca tive que
trabalhar tanto para encontrar uma estratégia para continuar usufruindo da
beleza que esta cidade me oferece: repasses do segundo-tempo, investimentos
para a saúde, projetos para terminar as casas populares, numerários para alocar
nos PETI, receitas extras-orçamentárias para investir ou fazer manutenção em
calçamentos; em fim, estes recursos estão caindo por entre os dedos, estou
perdendo o equilíbrio. De um coisa é certa, não irei apelar para Santo Antonio,
depois do que eu fiz com ele, com certeza, nem ele! Dar-se-á sua mão. Por falar
em mãos, preciso lavar as minhas.
Eu desde “muleque” estudei em Natal em escolas boas, pago
pela prefeitura, uma vez que a educação daqui nunca foi prioridade para a
camada popular, imagina para mim, filho de uma geração familiar que sempre
tivemos a mesa, a escola, as roupas, o lazer farto de anos e anos assegurado
por aquele cheque que não chegava aos bolsos dos diaristas, dos professores, dos
técnicos-administrativos, dos profissionais concursados... mas no meu, era
sagrado. Sempre tive o pensamento de estudar, conseguir ascender
profissionalmente e voltar para minha terra para poder gritar “prestei serviços
a esta cidade”. Hoje, sou formado, concursado, tenho um poder intelectual
incrível, mas não posso perder a minha herança: bajulador. Sou um herdeiro
fiel.
A sensação de perder a trajetória política que se encontra em
nossa cidade há décadas não é fácil, sentir-se ameaçado em perder este trono que
sempre tive com facilidade, é um sentimento que me faz tremer nas bases, afinal,
a alma daquele que foi “pai dos bicudos” está se indo, descanse em paz! O mito
já foi desgastado, já foi dividido, não tem mais adesão. Eu não estou preparado
para caminhar sozinho, os que estão do meu lado, tem o título, foram
diplomados, mas não têm capacidade, é a minoria.
É preciso fazer o que sei de melhor: sabotar, boicotar,
dissimular..... se eu não tenho capacidade de seguir com as pedras no caminho,
é necessário procurar uma maneira desesperadora para tirá-la, pois tropeçar
nelas seria se “esborrachar” na minha derrocada política.
ideiavermelha.blogspot.com.br
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