quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

MARCELINO VIEIRA:

O PERFIL DO VERDADEIRO CIDADÃO.


O texto mostra o “eu” perdido em seus pensamentos. A forma indireta como foi escrita, pode incluir você em alguns fragmentos, mas não se inclua neste, este certamente deve ser aquele que você jura que não é, mas que pode ser.
 

Hoje, vejo-me perdido nas ações, onde estou? Como ando? Por onde ando? Sei que meu passado foi uma abundância de riqueza colocada nos meus bolsos patrocinados por você, sim por você, cidadão! O meu presente está assegurado, tenho quatro anos que ainda posso mamar nas mesmas tetas, elas estão murchando, chegando ao fim, mas tenho meus “meios”. Nunca tive que trabalhar tanto para encontrar uma estratégia para continuar usufruindo da beleza que esta cidade me oferece: repasses do segundo-tempo, investimentos para a saúde, projetos para terminar as casas populares, numerários para alocar nos PETI, receitas extras-orçamentárias para investir ou fazer manutenção em calçamentos; em fim, estes recursos estão caindo por entre os dedos, estou perdendo o equilíbrio. De um coisa é certa, não irei apelar para Santo Antonio, depois do que eu fiz com ele, com certeza, nem ele! Dar-se-á sua mão. Por falar em mãos, preciso lavar as minhas.

Eu desde “muleque” estudei em Natal em escolas boas, pago pela prefeitura, uma vez que a educação daqui nunca foi prioridade para a camada popular, imagina para mim, filho de uma geração familiar que sempre tivemos a mesa, a escola, as roupas, o lazer farto de anos e anos assegurado por aquele cheque que não chegava aos bolsos dos diaristas, dos professores, dos técnicos-administrativos, dos profissionais concursados... mas no meu, era sagrado. Sempre tive o pensamento de estudar, conseguir ascender profissionalmente e voltar para minha terra para poder gritar “prestei serviços a esta cidade”. Hoje, sou formado, concursado, tenho um poder intelectual incrível, mas não posso perder a minha herança: bajulador. Sou um herdeiro fiel.

A sensação de perder a trajetória política que se encontra em nossa cidade há décadas não é fácil, sentir-se ameaçado em perder este trono que sempre tive com facilidade, é um sentimento que me faz tremer nas bases, afinal, a alma daquele que foi “pai dos bicudos” está se indo, descanse em paz! O mito já foi desgastado, já foi dividido, não tem mais adesão. Eu não estou preparado para caminhar sozinho, os que estão do meu lado, tem o título, foram diplomados, mas não têm capacidade, é a minoria.

É preciso fazer o que sei de melhor: sabotar, boicotar, dissimular..... se eu não tenho capacidade de seguir com as pedras no caminho, é necessário procurar uma maneira desesperadora para tirá-la, pois tropeçar nelas seria se “esborrachar” na minha derrocada política.


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